quarta-feira, 10 de abril de 2013

Dica de Livro: Doidas e Santas - Martha Medeiros

Oi gente!! Aqui estou de novo para trazer mais um livro da Martha Medeiros. O livros Doidas e Santas é uma coletânea de algumas crônicas escritas pela Martha. Eu adoro livros de crônicas, não li muitos, é verdade, mas sou apaixonada por eles. Crônicas são curtas, nós não precisamos ler continuamente, as crônicas relatam situações do cotidiano, fazem-nos refletir sobre a vida ou, apenas, nos divertem. Esse livro está cheio de crônicas interessantes, que nos fazem pensar sobre relacionamentos, sobre a sociedade, sobre nossa existência. Tenho algumas crônicas favoritas, mas escolhi um trecho de uma em especial para mostrar aqui para vocês um pouquinho (mas é pouquinho mesmo) de quão bom é esse livro e quão talentosa é Martha Medeiros:

Os Ricos Pobres


Anos atrás escrevi sobre um apresentador de televisão que ganhava um milhão de reais por mês e que em entrevista vangloriava-se de nunca ter lido um livro na vida. Classifiquei-o imediatamente como um exemplo de pessoa pobre. Agora leio uma declaração do publicitário Washington Olivetto em que ele fala sobre isso de forma exemplar. Ele disse que há no mundo os ricos-ricos (que têm dinheiro e têm cultura); os pobres-ricos (que não têm dinheiro mas são agitadores intelectuais, possuem antenas que captam boas e novas ideias) e os ricos-pobres, que são a pior espécie: têm dinheiro mas  não gastam um único tostão da sua fortuna em livrarias, shows ou galerias de arte, apenas torram em futilidades e propagam a ignorância e a grosseria.
Os ricos-ricos movimentam a economia gastando em cultura, educação e viagens, e com isso propagam o que conhecem e divulgam bons hábitos. Os pobres-ricos não têm saldo invejável no banco, mas são criativos, efervescentes, abertos. A riqueza desses dois grupos está na qualidade da informação que possuem, na sua curiosidade, na inteligência que cultivam e passam adiante. São esses dois grupos que fazem com que a nação se desenvolva. Infelizmente, são os dois grupos menos representativos da sociedade brasileira.
O que temos aqui, em maior número, é um grupo que Olivetto nem mencionou, os pobres-pobres, que devido ao baixíssimo poder aquisitivo e quase inexistente acesso à cultura, infelizmente não ganham, não gastam, não aprendem e não ensinam: fica à marge, feito zumbis. E temos os ricos-pobres, que têm o bolso cheio e poderiam ajudar a fazer deste país um lugar que mereça ser chamado de civilizado, mas nada disso: eles só propagam atraso, só propagam arrogância, só propagam sua pobreza de espírito.
[...]


E aí? O que acharam? Espero que tenham a oportunidade de ler algum livro dessa autora que simplesmente conquistou meu coração de leitora.

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